segunda-feira, 12 de abril de 2010

RUPTURA

Minha roseira virou ruína.
De que vale todo o meu rompante
Se até o resto me rechaça?
O pior é que me retorço,
Desfaço-me em retalhos.
Repagino o rótulo e
Até retoco minha retórica,
Mas meus recados rebeldes
Só me trazem mais rusgas.
Apagou-se meu talento para rimas.
Das reverberantes risadas,
Restaram roucos ruídos.
Em meu rosto, seguem os ranços
De todas as minhas réplicas.
Nem mesmo as cores de Rembrandt
Ou as palavras de Rimbaud
Fariam reluzir meu retrato.
Mas viver não é ruminar.
Viver é ter sabedoria para reformular o roteiro
Toda vez que ressoarem as ranhuras.