terça-feira, 31 de janeiro de 2012

VOCÊ É BOLO COMUM?

A todo instante, a vida nos surpreende com situações inusitadas. Muitas vezes, discutimos, brigamos, aborrecemo-nos, decepcionamo-nos e, no momento seguinte, arrependemo-nos, perdoamos, fazemos as pazes. Elaboramos conceitos complicados sobre coisas e pessoas e, simplesmente, mudamos de opinião. Abandonamos cursos, acabamos namoros, engatamos novos relacionamentos, tiramos pedras do caminho, perdemos pessoas queridas, fazemos amigos e também os deixamos partir. Tudo isso faz de nossa experiência um caso isolado, uma trajetória sem precedentes, um caminho trilhado a partir dos nossos erros e acertos.

Somos seres absolutamente distintos vivendo em um mundo feito sob uma medida específica – “tamanho único”. Assim, modelamos nossa natureza primitiva e até conseguimos racionalizar nossos instintos, como forma de tentar conviver socialmente em um espaço sem variações – “P”, “M” ou “G”. Mas viver transcende os limites da razão.

Mesmo sendo educados para viver em conformidade com uma série interminável de ditames sociais, quebramos regras, excedemo-nos, violamos princípios, esquecemo-nos de pensar no próximo e ultrapassamos as fronteiras da moral e da ética.  Ok! Somos, segundo os valores cristãos, pecadores, pois não conseguimos viver em harmonia com aqueles mandamentos que, antes de figurarem como máxima religiosa, representam verdadeiras normas de conduta, regras do bom viver.

Pecamos sim, é verdade. No entanto, nossos pecados não são análogos, uma vez que somos seres diferentes pela própria natureza. Não carregamos a mesma carga genética, não fomos criados pela mesma família, não estudamos no mesmo colégio, não tivemos os mesmos amigos, não levamos os mesmos tombos, não quebramos a cara com as mesmas coisas.

Assim, toda teoria que generaliza demais fraqueja! Sim, repetimos comportamentos, mas isso não nos torna iguais. Respiramos, alimentamo-nos, bebemos água, excretamos e secretamos substâncias, dormimos, eliminamos gases, suamos, amamos, desamamos, choramos, sorrimos, nascemos e vamos morrer um dia. Ainda assim, não somos seres idênticos.

Por tudo isso (e muito mais), abomino os comentários genéricos, pois levam sempre ao geral, a características/elementos/teses supostamente universais.  Se a verdade se resumisse a essa aparente simplicidade, viveríamos vidas previsíveis e medíocres; todos os cachorros seriam amigos, todos os gatos traiçoeiros, todas as mulheres interesseiras, todos os homens “galinhas”, todos os homossexuais extravagantes, todos os políticos corruptos e todas as guerras seriam santas.

Qual graça teria a vida? Viver assim eliminaria a nossa essência de singularidade; seríamos produzidos em série, com extensos códigos de barra e um único manual de instrução. Somos ímpares justamente por nossas histórias peculiares, nossas experimentações incomuns e pela bagagem sempar que carregamos.

Para alguns, somos apenas a compilação de um conjunto pré-estabelecido de padrões reiterados que foram sendo repetidos ao longo de toda a história da Humanidade. É claro que não somos seres inteiramente dissociados desse contexto, mas não podemos com ele ser confundidos. Não somos apenas isso. Pelo menos para mim, definitivamente não somos! Todavia, como meus postulados não encerram a verdade absoluta, termino com uma reflexão pessoal e intransferível:  Você é bolo comum?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

OS DESAFIOS DO AMOR


Por que teu olhar liberta?
Por que me enfeitiçou desse jeito?
Por que tua flecha é tão certa?
Por que esse aperto em meu peito?

Por que me perco em pensamentos?
Por que só sigo teus passos?
Por que há o teu brilho no firmamento?
Por que temo o fracasso?

Por que suplico tua atenção?
Por que entrego minha alma?
Por que desbaratino meu coração?
Por que perco minha calma?

Por que não entendo o Amor?
Por que renuncio à razão?
Por que esperar é dor?
Por que és a solução?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

PERVERSA ANSIEDADE


Ah, esse jeito canhestro
Essa visão torta do mundo
Sinfonia sem maestro
Sofrimento profundo
  
Carrascos pensamentos reiterados
Máscara negra da ansiedade
Retratos não revelados
Um quarto sem claridade
  
 Todavia, viver não é exato
Entrego-me, então, ao daqui pra frente
Esmero-me no sensato
E fujo do descrente
  
Escolho abraçar a esperança
Abandono as dores sem causa
Prefiro apostar na mudança
A padecer num martírio sem pausa