segunda-feira, 30 de julho de 2012

ENFIM, ISABELLE!




                  Agora parece ser definitivo: Isabelle finalmente conseguiu despejar os pesados fardos amorosos que carregava. Nunca entendeu, ao certo, por qual motivo suas histórias sempre acabavam mal. Depois de um longo período sabático, refletiu que, talvez, seus envolvimentos pretéritos tenham fracassado por seu excesso de doação. Então, decidiu virar o jogo. Chega de mimos e transparências reveladoras em inícios de relacionamentos, pensou ela. Enfim, aquela mulher sensível, linda e inteligente recobrara sua plenitude. Estava confiante e segura de si; parecia mesmo outra pessoa. O estranho foi observar sua dedicação e sua doçura repentinas, após tantas promessas íntimas, a mimos anteriormente renegados; ela estava fazendo tudo o que tinha resolvido banir – preparava, com amor, cada refeição dele, arrumava sua cama, gastava horas com 'conversinhas moles' e brincadeiras. Das duas uma: ou ele merecia muito aquela devoção toda ou sua transformação causara uma firmeza tão inabalável que foi capaz de mudar diametralmente o seu ponto de vista; pode ser que, agora, ela estivesse conseguindo se dar sem se doer. Aquela situação era simplesmente uma grande incógnita, quase como um objeto sem sombra na mais escancarada das manhãs de sábado. Especulações à parte, o fato é que Ulisses era mesmo um labrador de sorte – apenas ele conheceu a melhor das 'Isabelles', harmoniosa, meiga e convicta.